Hoje tive a grata satisfação de receber o artigo “O Programa Minha Casa Minha Vida Entidades: provisão de moradia no avesso da cidade?” de Cibele Saliba Rizek que saiu no número 19 da revista Cidades.
A autora sinaliza para a dualidade das políticas sociais brasileiras, que, ao mesmo tempo em que apontaram para relações intersetoriais, também são marcadas por privatizações cruzadas e pela hegemonia do capital financeiro. É sob esse marco que ela analisa o PMCMV.
Os parágrafos que fizeram com que este artigo fosse parar no filtro do alerta do Google Acadêmico são os que comparam a dinâmica recente do setor imobiliário à do setor de saúde suplementar:
É preciso apontar, ainda, que um processo semelhante vem tendo lugar nas empresas que operam planos de saúde no Brasil – abertura de capital, atuação na bolsa de valores, fusões e aquisições, planos, sobretudo empresariais, voltados para os segmentos C e D, de menor renda e devidamente coletivizados.
Assim, tanto saúde quanto habitação – anteriormente bastante apoiadas em reivindicações assentadas em um imaginário de direitos – não sofreram apenas privatizações, mas passaram a ser um nicho de negócios de expressiva lucratividade e de nítida captura por um arranjo financeiro e produtivo em que as dimensões de eficiência e lucratividade empresarial se submetem continuamente à dinâmica financeirizada das bolsas de valores e de ações. (RIZEK, 2014, p. 252-3)
É evidente que o artigo de Cibele Rizek é muito mais rico que o trecho selecionado para ilustrar esse post. Acho que ela faz uma análise muito valiosa do caráter da principal política habitacional do último período. Recomendo enfaticamente a leitura, até porque tenho ouvido tanta banalidade a respeito...
Fonte imagem: brasil.gov.br