29 outubro 2008

Apresentação durante o I PÓS-CISO

Durante o primeiro Seminário de Ciências Sociais “Questões Contemporâneas em Ciências Sociais”, de 15 a 17 de outubro de 2008 apresentamos a comunicação "Trabalho e Assalariamento".

Segue o resumo:

Trabalho e assalariamento

Classe trabalhadora, classe operária, proletariado, assalariados, classe-que-vive-do-trabalho: conceitos que não se superpõem, embora estabeleçam relações. As formulações de Marx e Engels, ao estabelecerem a posse dos meios de produção como critério definidor de classe e observarem uma tendência à ampliação do trabalho assalariado nas sociedades capitalistas, têm sido objeto de debate dos autores que se ocupam em utilizar este referencial teórico para estudar as transformações da classe trabalhadora nos séculos XX e XXI. Castel diferencia a condição proletária, na qual a remuneração do trabalhador é próxima da sua subsistência imediata e reprodução; a condição operária, em que o salário passa a ser mais que a mera retribuição pela tarefa desempenhada, assegurando-lhe direitos e proteções; e a condição salarial, a qual ocorre quando a relação salarial passa a dominar quase todo o tecido social. Braverman, ao estudar as transformações do trabalho em escritório e serviços, operacionalizou a definição da classe trabalhadora de Marx, estabelecendo primeiro as categorias ocupacionais que pertenceriam inequivocadamente à classe trabalhadora, e desta subtraindo aqueles com altos rendimentos. Boito Jr. se recusa a apagar os limites que separariam o trabalhador manual do trabalhador de colarinho-branco, considerando a condição de assalariado insuficiente para definir a situação de classe e estabelecendo como critério diferenciador a ideologia. Antunes, para fazer frente às teses do fim do trabalho, passou a utilizar a expressão classe-que-vive-do-trabalho, por reconhecer que ocorrera uma maior complexificação da classe. Esta categoria inclui todos os que vendem sua força de trabalho, excetuando-se gestores do capital e aproximando-se de Braverman ao estabelecer o rendimento como um importante critério de exclusão do conceito. Lessa opõe-se ao cancelamento das diferenças entre assalariados e operários e insiste que somente o operariado produz riqueza: toda a sociedade, para existir depende do intercâmbio com a natureza que ele realiza.

17 agosto 2008

A mesma apresentação, só que em slide-show



Estes são os slides da apresentação que fiz em no Enatespo em João Pessoa. Também está disponível para baixar em formato pdf, neste blog.

16 junho 2008

Reflexões sobre o dentista e o mundo do trabalho

Resumo inscrito no ENATESPO 2008:

Este trabalho corresponde a uma primeira construção teórica do projeto de pesquisa “Autonomia ou assalariamento precário? - O trabalho dos cirurgiões-dentistas na Região Metropolitana de Salvador.” Entendemos que o que empiricamente se convencionou chamar “crise da Odontologia” necessita ser entendido à luz do regime de acumulação flexível, o qual promove formas precárias de trabalho, ao mesmo tempo em que ocorre um progressivo assalariamento das chamadas “profissões liberais”. Nosso objetivo consiste na delimitação das categorias pertencentes à Sociologia do Trabalho, necessárias à compreensão das transformações do mundo do trabalho no qual se insere o cirurgião dentista. A metodologia empregada foi a revisão de literatura. Resultados e conclusões. A caracterização feita por Marx de trabalho produtivo como aquele que diretamente produz mais-valia, ou seja, que se presta à valorização do capital, ou ainda o que se representa em mercadorias, nos leva a perceber que uma parte significativa dos dentistas realiza trabalho produtivo. As múltiplas modalidades de inserção dos profissionais de saúde mercado de trabalho permitem a construção de tipologias como as de Donnangelo, que toma como ponto de partida o “profissional liberal” e a partir dele encontram atipias e anomalias. Movimento inverso é empreendido por autores que se debruçam sobre a precarização do trabalho, primeiro caracterizando o trabalhão “padrão”, para em seguida contrastá-lo ao trabalho atípico, precarizado. É importante destacar que os cirurgiões-dentistas, ao elegerem a condição de autônomo como ideal a ser perseguido, o fazem na contramão de grande parte dos trabalhadores, que procuram avidamente a inserção regida pelo regime salarial. Uma possível explicação seria a de que o processo de precarização do trabalho do cirurgião-dentista ocorre exatamente pela via do assalariamento, seja este ou não atípico.

23 janeiro 2008

Sobre o blog


Desde que comecei a lecionar na faculdade de Odontologia da UFBA, tenho sido levada a refletir sobre a inserção dos dentistas no mercado de trabalho. Foi isso o que me levou a fazer  o doutorado de Ciências Sociais da UFBA, ingressando na linha de pesquisa de sociologia do trabalho, ainda no ano de 2008.

Esse blog começou como um espaço para arquivar slides de pequenas comunicações, depois se tornou um diário de descobertas da tese.