28 janeiro 2010

Qual a proporção dentista : habitantes recomendada pela OMS?

Acredito que todos os dentistas já devem alguma vez ter ouvido a frase "a OMS recomenda a proporção de 1 dentista para cada 1.500 habitantes". Mas o que ela quer dizer com isso? Que se a proporção 1:9.000 é ruim, então a proporção 1: 167 é boa? Não faz muito sentido.

Paulo Capel Narvai escreveu um artigo para o Jornal do Site dizendo que este dado seria uma lenda. Uma espécie de hoax que teria se iniciado antes mesmo da popularização da internet. Diz ele:

"Não basta para o enfrentamento da atual política de formação de recursos humanos em saúde — aí incluídos os recursos humanos odontológicos —, a enfadonha citação de que "a Organização Mundial da Saúde recomenda 1 dentista para 1.500 habitantes." (Há variantes como 1/1.000 ou 1/2.000). Há pelo menos dois erros nisso: em primeiro lugar, a OMS não recomenda coisa alguma. Em algum momento alguém deve ter lido mal em algum lugar, citou erroneamente a OMS e, a partir daí, tem havido uma repetição mecânica e acrítica dessa proporção. Jamais encontrei a referência bibliográfica nos artigos que mencionam a tal proporção. Nos documentos da OMS, aos quais tive acesso, nunca li nada sobre o assunto. Até que algum pesquisador desvende esse mistério, pode-se concluir que trata-se de pura lenda".

Confesso que há muito tempo não tenho sossego, procurando as origens da lenda, pois encontrei publicações até de 1979 com essa informação. Até que me bateu a ideia de procurar onde a coisa começou (ou não) : a própria OMS.

Achei um comunicado da organização que esclarece a coisa toda:

"A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) não recomendam nem estabelecem taxas ideais de número de leitos por habitante a serem seguidas e cumpridas por seus países-membros. Tampouco definem e recomendam o número desejável de médicos, enfermeiros e dentistas por habitante. Não existe, ainda, orientação sobre a duração ideal das consultas médicas ou um número desejável de pacientes atendidos por hora." Grifo meu.

Então, como tudo aconteceu?

No longínquo ano de 1972 ocorreu a III Reunião Especial de Ministros de Saúde das Américas, que resultou no Plano Decenal de Saúde para as Américas. Os ministros ali reunidos combinaram a meta de alcançar "8 médicos, 2 odontólogos, 4,5 enfermeiros e 14,5 auxiliares de enfermaria para cada 10.000 habitantes". Só isso. E o valor nem corresponde à versão consagrada na literaura...

O documento é fruto de um evento da OPAS-OMS, mas não é uma resolução oficial da organização, que diria quanto dentistas deveriam existir pra cada tantos mil habitantes.

Ate porque, em 1972 a realidade era outra, não é? Bem aqui um artigo do Vitor Pinto de 1983, que não me deixa mentir.

O link para o esclarecimento da OMS é este, mas você pode ler abaixo:


Leitos por Habitante e Médicos por Habitante

Veja também este vídeo:


26 janeiro 2010

O mundo maravilhoso que nos prometeram

Estou lendo um artigo do Giovanni Alves que disseca o conceito de empregabilidade e seus significados na ideologia do regime de acumulação flexível. No meio do artigo, ele afirma:

O trabalho árduo não é abolido. Pelo contrário, surgem novas formas de intensificação de trabalho com impactos perversos na estrutura psíquica (e mental) de homens e mulheres trabalhadoras, como demonstram as novas empresas toyotizadas.

De imediato, lembrei de uma tirinha recente do André Dahmer:




Fonte: Malvados. Autor: Dahmer

E o que isso tudo tem a ver com dentistas? Respostas, só na tese.






19 janeiro 2010

Contribuição sindical

O site do CFO noticiou ontem a publicação de nota técnica do Ministério do Trabalho e Emprego que se aplica, dentre outros profissionais, a cirurgiões-dentistas.

Gostaria muito de fazer um post longo sobre o assunto, mas definitivamente tenho tarefas prioritárias. Resta-me comentar, de passagem, que a contribuição sindical é uma das heranças varguistas mais eficazes no sentido de atrelar sindicatos ao aparelho estatal. Tanto é que o novo sindicalismo dos anos 80 era contrário ao mesmo, bandeira que foi deixada de lado por parte daqueles atores. Contudo há, mesmo hoje, sindicatos que mantêm sua posição contrária a esta "contribuição" compulsória, por entenderem que os sindicatos devem ser mantidos com as contribuições voluntárias de seus sindicalizados. Seria salutar que este debate fosse travado também por dentistas e seus sindicatos.

Nt_201 Despacho Sobre Imposto Sindical

14 janeiro 2010

Boletim O Trabalho na Saúde

O DIEESE publicou, no final do ano passado, o boletim Trabalho na Saúde, que faz uma análise do comportamento da força de trabalho no setor saúde, tanto no setor público quanto privado, nestes 20 anos de SUS, tomando como base os dados da PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego.

O estudo aponta um aumento da ocupação no setor saúde, predomínio do assalariamento formal, queda de rendimentos e aumento da jornada de trabalho. É uma pena que a publicação não traga dados desagregados por ocupação, o que nos seria muito útil, mas considerando que este é apenas o primeiro número da série, quem sabe não teremos algo assim no futuro?

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08 janeiro 2010

VII Seminário do Trabalho - Trabalho, Educação e Reprodução Social


Na semana passada, foi divulgado por aqui o XX ENATESPO, evento que interessará aos que lidam com Saúde Bucal Coletiva. Hoje é dia de divulgar o VII Seminário do Trabalho, que tem por tema "Trabalho, Educação e Reprodução Social". As instituições promotoras são a RET - Rede de Estudos do Trabalho, o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – UNESP – Marilia e o Grupo de Pesquisa “Estudos da Globalização”. O evento será na UNESP, em Marília, de 24 a 28 de maio e o envio de trabalhos já foi iniciado. Em paralelo, ocorrerá a IV Mostra CineTrabalho, promovido pelo Projeto de Extensão Universitária Tela Crítica.

Maiores informações aqui.

Não deixem de visitar também o Blog da RET: http://rededeestudosdotrabalho.blogspot.com/
 e o blog do seminário: http://seminariodotrabalho.blogspot.com/

02 janeiro 2010

O XX ENATESPO será em Vitória


Esse post é para o pessoal da saúde bucal coletiva.

Já começam a chegar notícias da organização do XX ENATESPO - Encontro Nacional de Administradores e Técnicos do Serviço Público Odontológico, que acontecerá em julho de 2010, em Vitória, Espírito Santo. Veja aqui o formulário de consulta pública.

Os primeiros ENATESPOS surgiram nos anos 80, reunindo mulheres e homens que buscavam refletir sobre a realidade dos serviços odontológicos à luz dos debates trazidos pela reforma sanitária. De lá pra cá, o SUS foi criado, surgiu o Programa Saúde da Família e foram sendo realizados também os Congressos Brasileiros de Saúde Bucal Coletiva, em paralelo aos enatespos. Surgiram também edições estaduais - estão aí os epatespos, egatespos, ecatespos, ebatepos, etc.

Abaixo, alguns materiais de divulgação de edições anteriores do ENATESPO:


(Estas imagens foram compiladas por ocasião do Enatespo de 2005 e tenho medo de não lembrar as pessoas que as forneceram. É quase certo que foram enviadas pelos professores Luiz Noro e Paulo Capel Narvai, mas se alguém puder informar melhor...)